quarta-feira, 26 de maio de 2010

UM DIA DO cocô DO CÃO

Foi um sábado como qualquer outro, porém trazia o especial de ser o dia seguinte a uma conquista pessoal muito importante: havia reduzido para 1H16min20seg meu tempo nos 15Km, o que significa uma velocidade média de quase 12Km/h. Talvez, isso tenha dado sustentação à liberdade de me dar ao luxo de gozar um sanduíche, em substituição à refeição noturna do sábado em questão. Ofereci-me, cordealmente, à minha esposa para serví-la da nobre ação de ir ao Shopping mais próximo, que fica a uns 500m de minha residência, para buscar nosso jantar. No caminho, a pé é claro, contemplava o ambiente lembrando do dia anterior e sentindo o ar do dever cumprido. Estive, como de costume, a tento a atravessar a rua quando chegasse à porta da clínica veterinária, onde repousa, à sua calçada a sujeira de alguns pobres animais que são levados até ali por seus donos. Assim fiz, e aproveitando o semáforo aberto conclui minha viagem até ao estabelecimento. Ao chegar, e ser recebido por aquela bela porta automática, observei o quanto as pessoas se confraternizavam. Talvez, pela minha maior agilidade, desviava constantemente das pessoas à frente para não sofrer alguma colisão. Distraí-me e levei a primeira ombrada, porém fui eu quem pediu desculpas, olhando para um sujeito quem nem para trás olhou. A segunda foi na costela, proferida por uma criança que corria sem destino, seguida pelo pai. Daí em diante, fiquei muito mais atento. Chegando à praça de alimentação, não imaginava ver todo a Via Láctia aprisionado naquele lugar e imaginei se todos haviam corrido 15Km no dia anterior. Por um segundo lembrei-me da sopinha de miojo que ficou em casa. Teria que enfrentar duas filas: para um beirute, lanche de pão sírio, e uma para o fastfood. Fui até a primeira, que fazia uma curva MEGA, e sem tentar reclamar fiquei lendo os cartazes que mostravam cardápios com um requinte sem igual. Na verdade a realidade era bem diferente. Á minha frente um amigo com um rastafari que não sabia o que era água há um semestre, e distanciei-me. No entanto, atrás um casal conversava palavras sábias sobre o estilo de vida da amiga que ficou grávida aos 16. Tentei dar um passo à frente, para não sofrer as baforadas na nuca mais isso fez com que o rastafari ficasse ao meu nariz e o casal se aproximasse mais ainda. De repente um sujeito tentou bancar o sorrateiro e entrar na fila como quem não quer nada. Impedi de forma educada, lembrando dos 15km e do dever cumprido. Lembrei-me também o quanto o lanche que levo pra casa é diferente daquele do "display", com o agravante que da última vez prometi que não voltaria ali porque havoa comprado praticamente um pão com ovo. Tomei fôlego para reclamar sobre isso, mas de repente a atendente começou a gritar de maneira tão mal educada que me deu pavor, e novamente conceitrei-me nos 15km. Quando chegou a vez do meu pedido, o caixa felizmente travou e o sistema caiu. Senti uma suave nuvem negra sobre minha cabeça. Excetuando os comentários gentis do povo na fila, tentei-me concentar nos QUINZE. Após longos três minutos, tudo estava resolvido. Paguei e retirei a árdua janta. A missão agora era enfrentar a segunda fila para o fastfood. Nela observava o quanto é sujo o uniforme daqueles adolescentes tão mal remunerados. Algumas calças lembravam as roupas do Chaves, seriado mexicano. Num instante, um daqueles maltrapilho, coitado, deixou cair uma caixinha com um produto que alguns chamam de batata-frita. Esta, no entanto, voltou para o mesmo lugar que saiu e seria digerida por algum de nós. Pensei em ligar para a vigilância sanitária, mas me recordei que esta estava em casa, esperando pela caixinha que acabara de cair. Desta vez, não sofri nenhum atentado na fila, mas quando me pediram para aguardar ao lado, veio uma funcionária, que sem pedir licença me golpeou com umas 30 bandejas que carregava. Senti o cruzado no baço e gemi. Nem desculpas ouvi e conclui que aquele local era o ambiente perfeito para tortura física e mental. Quando peguei o produto que comprei trentei sair o quanto antres daquele estbalecimento e assim fiz. Atravessei a maldita porta eletrônica e caminhei em direção à minha casa, trazendo dois sacos: um contendo dois centímetros e meio de gastrite e o outro uma futura disfunção intestinal. Com passos rápidos e com pouca concentração, esqueci-me da clínica veterinária e dos almadiçoados animais com seus bichos de estimação que soltam "bosta" na calçada dos outros. O tiro foi certeiro e pisei numa dessas bromélias anais. A obra era digna de um São Bernardo ou Dogue Alemão. Se estava furioso, fiquei louco de ódio. E como tirar aquilo das entranhas do solado do tênis? Nada como ficar siscando na grama, que nem galinha, por uns cinco minutos. Quando aquilo amenizou, continuei o caminho e pena que não encontrei nenhuma lata de lixo pra afogar minha alegria. Cheiguei em casa e veio à mente o quanto os QUINZE haviam modificado meu sábado.